Lançado em 2018 pela Editora Redbox (atual Buró) e relançado em outubro de 2019 pela Secular Games, Goddess Save the Queen é um RPG criado por Carolina Neves e Júlio Matos, numa parceria fantástica e de muito bom gosto, cujo intuito é levar os jogadores a participarem de uma aventura narrativa onde todos os jogadores devem construir uma ficção colaborativa, contribuindo com suas ideias através de mecânicas bem elaboradas que incentivam maior participação do grupo.
Com o cenário focado no período entre guerras, você fará parte de um grupo de agentes especiais a serviço da coroa britânica, com a missão de resolver problemas místicos que podem pôr em risco o equilíbrio mundial, levando o grupo de agentes a viajar pelo mundo resolvendo mistérios sobrenaturais, neutralizar armas místicas ou impedir catástrofes inimagináveis.
Sobre o livro
O livro é dividido em capítulos onde sua progressão demonstra o foco narrativo do jogo, apresentado de forma sucinta, o que ajuda muito jogadores novatos e experientes a entrar nesse estilo de jogo menos ancorado na mecânica.
Em sua introdução é apresentado um guia de quais capítulos você deve ler de acordo com seu interesse e a velocidade que pretende começar a jogar. Essa forma de estrutura do material é importante para ajudar os diversos tipos de jogadores.
O capítulo um trata sobre como desenvolver narrativas voltadas para o conceito do GStQ (Goddess Save the Queen), apresentando elementos da estrutura mecânica do sistema de forma simples e geral para melhor entendimento.
Logo em seguida, no capítulo dois, expõe bem o cenário do jogo, explicando a origem da organização, a situação mundial, as origens das personagens e a relação com suas nações de origem, estabelece também o tema, alguns antagonistas e os elementos místicos do cenário.
O sistema do jogo é desenvolvido no capítulo três, explicando mais detalhadamente a relação entre narrativa e regras, sempre apresentando exemplos para facilitar a compreensão. Recomenda também que o capítulo deve ser lido com o apoio de uma ficha de protagonista para maior absorção do conteúdo.
Já o capítulo quatro tem como cerne o desenvolvimento das protagonistas, onde explora de forma dinâmica a conexão do histórico da personagem com as mecânicas do jogo, garantindo essa simbiose entre narrativa e regra de forma profunda, apresentando exemplos conectados com os anteriores, gerando com eles um desenvolvimento.
O livro procura fornecer as ferramentas narrativas e mecânicas para expandir a criatividade da narradora e isso é apresentado no capítulo cinco, dando formas de como lidar com as mecânicas e suas conexões com as regras. Explica também como construir uma narrativa em capítulos, como converter as ações das protagonistas em consequências mecânicas e narrativas, a importância do conflito e a responsabilidade da narradora em garantir a diversão e manter os holofotes nas personagens.
O capítulo seis, apresenta algumas cidades relevantes para o cenário e suas peculiaridades, locais interessantes e seus os habitantes notórios, agregando a isso dicas de possíveis missões nestes locais.
Enquanto No sétimo capítulo, são abordados os elementos fantásticos do jogo, como artefatos, criaturas místicas e civilizações perdidas.
O oitavo e último capítulo temos dicas de onde buscar referências para melhorar a imersão no jogo.
O que achei do jogo
Goddess Save The Queen vem para acrescentar uma abordagem interessante aos jogos de aventura, inspirados em personagens como Allan Quatermain e Indiana Jones, colocando no centro das atenções mulheres fortes e livres, que terão de salvar o dia enfrentando problemas épicos, e sem esquecer de suas responsabilidades com o mundo a sua volta, seja suas nações ou os efeitos destrutivos na região em que estão atuando.
Além disso o sistema consegue gerar uma relação harmônica entre regras e narrativa, gerando um ciclo de interdependência muito interessante.
Sem dúvida alguma recomendo esse jogo para todos, principalmente para as jogadoras mulheres, que estão cansadas de jogos onde o protagonismo sempre está nos personagens homens e querem desconstruir alguns conceitos de poder, liderança e heroísmo masculinos.
E que as Deusas Salvem a Rainha!
A abordagem desse jogo é muito boa. Valeu pela resenha, Geraldo Abílio e Deus Salve a Rainha