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  • Foto do escritorBeto Jr

RPG Old School e o Improviso

Na minha época era melhor! Tínhamos poucas classes, sistemas simples mas matematicamente complexos e livros em inglês que tentávamos traduzir. Xerocávamos esses livros em preto e branco na banca do Seu João e vinha tudo borrado, dificultando a leitura! Você tinha que ser um guerreiro de verdade para jogar de guerreiro... e qualquer outra coisa!


Ah, bons tempos...


Será?



Tudo começou...

Calma! Não vou falar da origem do RPG aqui. Você já deve ter ouvido essa história milhões de vezes. Se não ouviu, basta buscar na internet que vai ser molezinha!


O que eu vou falar aqui é sobre como era jogar com poucos recursos. O que eu descrevi acima era verdade. Jogávamos com livros impressos ou xerocados, se estivéssemos como. Se não, era ter a sorte de conhecer alguém que tinha.


Não bastasse isso, ter um kit de dados era muito complicado! D20, D12 e "DqualquerCoisaQueNaoFosseD6" eram raríssimos.



No meu caso, que comecei a jogar numa cidade de interior, nem se fala. Não tinha evento ou convenção. Achar um livro de RPG na biblioteca da escola era o máximo que a gente tinha. E aproveitávamos como podíamos, porque estava em inglês. E só um amigo meu sabia alguma coisa de inglês o suficiente pra tentar explicar as regras. Mas, mesmo assim, não esclarecia muita coisa. Então demos o nosso jeito: a gente improvisou!


Regras? que regras?

Não me entendam mal. Regras são importantes, logicamente. Elas tornam as coisas divertidas com suas limitações já que deixa o jogo desafiador. Mas existe uma regra que deve ser seguida acima das outras: o jogo tem que estar agradável e divertido para todo mundo!


Se existe alguma regra que esta atrasando o ritmo, que os jogadores sempre esquecem ou que é muito complexa: improvise!


E isso é a real maravilha dos jogos de antigamente. Não ficávamos discutindo detalhes ou fazendo cálculos matemáticos. A gente só jogava e se divertia horrores.


Precisávamos procurar armadilha? Joga o D6 e tira 1. Caso contrário, não acha nada.


Mas mestre, eu sou ladino! Ah, então de 1 a 3 no D6, e tudo certo.


E assim a gente ia, jogando as probabilidades de acordo com os conceitos dos personagens e justificativas dos jogadores. E nunca foi um problema. Na verdade foi a solução que precisávamos.


E como eu improviso?

Essa pergunta é quase um paradoxo. Quase que ela pede para ser respondida improvisando também.




Mas eu consigo dar umas dicas de como improvisar, e a primeira delas é ser justo: o bônus do ladino na hora da achar a armadilha faz todo sentido. Bem como o guerreiro conseguir usar uma arma mais pesada com uma mão só. O mago consegue ler as inscrições na parede da masmorra, afinal ele é um estudioso. E o clérigo pode sim usar uma magia de cura pra salvar uma flor no jardim de um nobre e ganhar sua simpatia.


Cada personagem tem seu momento de brilhar e temos de concordar que boas ideias devem ser recompensadas. Isso move a historia, deixa tudo mais interessante e seus jogadores ficam mais empolgados!


Outra coisa que dá pra fazer é perguntar pros seus jogadores o que eles acham. Afinal é um jogo coletivo e várias cabeças pensam melhor que uma. A solução para a ação do anão pode sair de uma sugestão do jogador do elfo. E se todos concordarem, será assim em diante!


Por fim, você pode pegar emprestado alguma regra de outro lugar. Se o jogador quer pegar um virote de besta, jogar no ar e dar uma martelada nele para acertar um alvo, porque não pegar emprestado a regra de desarmar para ver se da certo? Afinal ele está acertando outra arma (ou parte dela, no caso o virote) com a sua própria arma.


De resto, siga seu coração e foca em desenvolver tudo para uma boa história!


De volta para o presente


Hoje em dia existem vários sistemas voltados para o old school. E não me refiro ao fato de serem um D&D Like, e sim, os que resgatam essa ideia de improviso, poucas regras e simplicidade para que você se preocupe apenas com a diversão.



E isso tudo de forma moderna, com recursos na internet, VTTs, comunicação no Discord, Telegram, WhatsApp. Meios não faltam para você jogar RPG.


Até mesmo no seu jogo moderno eu acho que vale a pena usar essa essência do old school. Dá para usar esses conceitos todos em qualquer RPG que exista, afinal, antes de ter regras, simplesmente não tinha... era improviso.


Então foquem na diversão, amigos. Eu tenho dois filhos, que me obrigam a jogar RPG apenas quando eles dormem - lá pras 20h. Jogo apenas em um dia da semana, pra não estragar meu casamento.


Eu definitivamente não tenho tempo para me prender às regras.


Só tenho tempo para a diversão! 😉






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