top of page
  • Foto do escritoraronpaz

RPG. Fantasia ou fuga? ATO - 1

Atualizado: 21 de mar. de 2023

Este é um emprego falácio de idéias, sugestões e críticas construtivas e representação de minhas opiniões, não ligadas direta ou indiretamente a outrem, não recebendo financiamento, fundos ou qualquer tipo de incentivo por parte alheia. Toda a referência bibliográfica no final de cada trecho do artigo.


Até onde vai o limite do RPG?

Eu entendo que nos últimos anos o RPG de mesa tem recebido uma atenção cada vez maior por parte de jogadores e mestres no que tange um fato que pode vir a ser um assunto muito mais sério que pensamos.


Muitas vezes podemos nos ver confusos com diversos fatores da vida, principalmente quando jovens; seja nosso estado pessoal, no tocante as mudanças dos nossos corpos ou até mesmo ao estado mental, escolar ou até mesmo familiar. O RPG tem sido usado como ponto de fuga da realidade de vários jovens e crianças, tornando o que deveria ser uma diversão esporádica num evento vicioso, causando, inclusive, abstinência precoce de desejando sessões cada vez mais frequentes.


O assunto é complexo e abrangente

Debater a fundo este delicado tema, poderia levar horas, dias e até mesmo inserções de estudos mais aprofundados, o que não é minha área de expertise. Mas vou erguer pontos cruciais (na minha visão não profissional) para podermos conversar um pouco.


Analisando

Para que possamos entender quão grande tem sido a abrangência do tema “RPG”, podemos perceber que temos séries premiadíssimas que citam, demonstram e até se baseiam em Roling Play Game (Jogos de interpretação de Papéis ou personagens, em tradução livre).


A exemplo, temos um clássico atual, uma série norte americana chamada The Big Bang Theory, onde os protagonistas são, para a maioria, uma representação bem fiel de cada um de nós, nerds, geeks, otakus e afins. Eles são inteligentes, jogadores de MMORPG, RPG de mesa, leitores de quadrinhos, gamers... Ou seja, representam muitos de nós, redatores e leitores. (Ao menos, a mim. Me sinto muito representado pelo Leonard Hofstadter, tanto em questões emocionais como de forma menos geral).


Ainda mais recente, temos uma série que foi aclamada pelo público em geral, até mesmo pelas pessoas que não são fãs de (ou não conhecem) RPG, que é Stranger Things. Muitos dos fãs de RPG entendem bem o contexto Lovecraf da coisa contido ali.


Entre tantos outras series e também animações, filmes, live action e além, de outras mídias, o RPG cresceu muito em sua divulgação em diversos canais.


Com o crescimento do RPG, por sua exibição cada vez mais popular em diversas mídias de entretenimento, sua aceitação se torna maior, facilitando seu uso como parte de um tratamento, como no caso de uma terapia “auto conduzida” (Sordi, 2017), onde o jogador participa de uma mudança de ares da sua vida diária, sua rotina, seu dia-a-dia e começa a vivenciar uma vida que ele mesmo escolhe, desde a criação de seus traços físicos, como raça, cor da pele, do cabelo, olhos, feições, formas, aspectos mais intrínsecos como características de personalidade (acredito que já tenha ouvido falar sobre neutro-bom, caótico-mal, leal-bom... entre outros).


Em jogadores mais experientes ou até mesmo pessoas mais detalhistas, o modus operandi de seu personagem, que deveria permanecer ali, na fantasia, no incrível, mas são, na maioria das vezes, (e quando digo maioria das vezes, digo isso com pesar no coração, pois eu trago muito de mim em meus personagens) são traços que precisamos expor, porque não podemos fazer isso na nossa rotina diária.


Esse é o alívio, o escape que nos faz extravasar

Este dia a dia, muitas vezes é muito intenso, combativo, duro e o RPG traz o alívio necessário da “fuga de realidade” para que possamos recarregar nossas energias.

Mas, até onde estamos tratando o RPG como um balsamo de fim de semana para diversão ou uma terapia autoimposta e não monitorada, para solução de uma vida que não está sendo agradável? Uma vida que está mais difícil que estamos conseguindo suportar, dentro ou fora de casa, no relacionamento, no trabalho, escola, faculdade ou pior... tudo junto.


Neste primeiro contato, venho trazer uma tratativa sobre o assunto, que prometo ir abordando de forma mais específica e com base em estudos científicos feitos e disponibilizados por profissionais da psicologia, psicopedagogia e psiquiatria. (disponíveis ao fim de cada parte postada.)


Mas neste momento, me permita somente abrir esta porta para que possamos, aos poucos ir fazendo um teste de percepção de cada vez e andarmos com cuidado e certeza de nossos passos.


Para este momento, eu darei um exemplo que experienciei. O meu.


Um pouco da minha História

Sim, eu fiz do RPG uma rampa para minha saída do barranco, assim como também foi uma corrente forte, aliada ao RPG, que me ajudou demais a sair do fundo do poço.


Houve um determinado período de minha vida, que muitas coisas estavam dando errado por tempo demais.

Durante a semana, desempregado, dependendo de minha ex-esposa para tudo, até mesmo comer e tomar um banho, já que ela quem comprava a comida, o sabonete, o desodorante, tudo... eu me sentia muito, mas muito inferiorizado.


Não apenas pelo fato de ela me sustentar? Não em absoluto. Mas eu não poder ajudar ela em nada (nesse quesito) e ela se esforçava muito para segurar a barra. trabalhava dobrado, comprava os turnos de horas extras com os amigos do trabalho, domingos, feriados... ela sustentou sozinha nossa vida por muito tempo e eu não conseguia ter paz para essa situação de não poder ajudá-la, de nos ajudarmos. Acaso você está nessa situação? Ou será que conhece alguém que está nesse momento assim?


Quando chegava o fim de semana, ela pagava minhas passagens para que eu pudesse ir para as mesas de RPG, pois acredito que ela sabia o quanto aquilo impedia que eu entrasse um surto depressivo profundo, pois o mais raso estágio depressivo, eu já estava.


Eu jogava RPG por 4 horas no sábado e por mais 4h no domingo, o que me dava sustento para começar a semana e suportar mais um pouco a ausência de respostas das empresas aos meus currículos ou do tempo que eu passava de joelhos.


Só que, como eu tinha tempo sobrando, eu comecei a usar aquele tempo para o MMORPG e para o RPG online, o que me tirava do foco da situação por mais tempo. Foi quando eu comecei a sentir um alívio imenso ao passar mais tempo fora da minha realidade, que dentro dela.


As buscas por emprego permaneciam, mas como agora eu estava 90% do meu dia na frente do computador, eu podia gerir meu tempo de forma que eu entrava em contato com as empresas e ainda administrava meus jogos.


Foi um tiro no escuro e claramente, não foi a forma certa de fazer. Eu deveria ter procurado um profissional e conversado com ele sobre minha vida e sobre minhas escolhas para amenizar a dor. Certamente com o tratamento correto, eu teria passado por essa fase com menos dificuldades. Sabe? Com toda certeza, eu teria passado com menos dificuldades!


Passei a jogar mais tempo, passar mais tempo no mundo da fantasia, que no mundo real lidando com meus problemas e em achar soluções para eles. O RPG chegou a fazer parte da minha vida de forma que eu estava invertendo a ordem das coisas.

Ao invés de fazer do RPG um alívio, eu fazia dele a situação corriqueira.


Eu acredito que temos muitos jovens hoje em dia passando por situações iguais ou parecidas com essa... ou até pior. Muitos deles com problemas de aceitação própria, problemas dentro e/ou fora de casa, com seus amigos ou familiares que prejulgam ou procuram não entender, ou não querem entender. Para que essa dor não maltrate tanto, muitos se abrigam numa realidade onde são fortes, belos, corajosos, heróis aclamados, aventureiros destemidos... Mas não é bem esse o caminho e eu descobri a tempo de não permitir que o buraco ficasse profundo demais para sair.

Buraco?

Mas você não estava saindo do buraco?

Sabe quando você começa a procurar uma saída e, sei lá, por qualquer que seja o motivo, em vez de escalar você começa a cavar mais ainda? Vai entender... Não quero ser exemplo nesse ponto, mas foi um ponto que me ajudou demais, minhas crenças religiosas, que, nesta conversa só cabe a mim saber qual é, mas foi o que me ajudou em 110%.

Mas, vamos voltar ao ponto agora.


Este é o primeiro ato.

Até onde sua vida está seguindo o exemplo que a minha te deu?

Até onde você está trilhando o mesmo caminho de pedras que eu trilhei? Até onde, tudo o que eu te falei até aqui, está sendo uma descrição muito próxima de sua vida?


Deixa aqui nos comentários sua opinião sobre isso, pois, para o segundo ato, eu tenho mais sobre como o RPG pode salvar vidas, e não apenas dos moradores do vilarejo que o dragão quer destruir ou aquela horda de goblins que quer invadir e pilhar tudo, mas vidas reais de carne e osso e sentimentos que pode estar precisando muito de ajuda e nós, mestres e jogadores, nem percebemos.


REFERÊNCIAS:








75 visualizações0 comentário

Posts Relacionados

Ver tudo
bottom of page