Embora existam outras meia-raças no D&D, o meio-elfo e o meio-orc são as mais icônicas, por aparecerem no livro do jogador e terem um texto dedicado a cada um deles, onde explicavam seus atributos únicos, mas a mudança também atinge outras "raças". Essa é uma das grandes coisas que estarão mudando daqui para frente.
Esta atualização foi anunciada publicamente no D&D Creator Summit, um evento em que a Wizards of the Coast reuniu uma série de personalidades notáveis que vão desde desenvolvedores de jogos a criadores de conteúdo e forneceu-lhes uma prévia dos próximos lançamentos de Dungeons & Dragons.
No evento a Wizards of the Coast revelou que removerá o conceito de espécie 'Meia-' do Livro do Jogador de Dungeons & Dragons, alegando que eles "não estão confortáveis", incluindo um conceito “inerentemente racista” no jogo. E isso deve valer para outras raças mestiças "meio-alguma coisa"
Não se preocupe, você não precisa dar adeus ao seu querido meio-elfo para sempre.
Apesar de sua remoção do Livro do Jogador, Crawford (Designer de jogos da Wizard of the Coast) garantiu aos jogadores que "Se alguém quiser jogar com essas opções de personagem, eles ainda estarão no D&D Beyond e também no Livro do Jogador de 2014". Até o momento, não está claro quando o Livro do Jogador será oficialmente revisado, nem quando chegará às prateleiras.
Deve-se notar que, embora os jogadores ainda possam criar Meio-personagens, graças à sua remoção dos materiais principais esses personagens não podem ser usados em um evento sancionado oficialmente.
Mas eu quero fazer meu meio-centauro-meio-genio-meio-elfo-meio-gnomo alado 😭
Não se preocupe, de certa forma você vai poder continuar com espécies hibridas, fique tranquilo, meu jovem aventureiro nascido de varios ancestrais diferentes. A solução para isso é muito semelhante a abordada pelo Pathfinder 2E, a Ancestralidade. Basicamente você descreve seu personagem e escolhe um ancestral de quem seu personagem irá herdar as características.
Os jogadores poderão criar uma combinação física de várias raças, esses traços 'físicos' serão cosméticos e descritivos. Então, se você quiser criar um personagem híbrido Orc/Humano, você pode fazer um personagem que se assemelhe fisicamente a ambas as raças. Quando se trata de estatísticas e atributos, no entanto, você terá que escolher Orcs ou Humanos para as informações básicas de seus personagens.
Eu particularmente considero uma excelente solução, apesar de tardia, em relação a outros jogos, como o já citado, Pathfinder.
Com a exclusão de algumas opções para o jogador, Crawford confirmou o aumento de variantes de elfos para os jogadores escolherem ao criar um personagem. são eles: standard elves (elfos padrão), high elves (altos elfos), wolf elves (elfos lobo ou Lythari), e os Drows. Isso me deixa bastante motivado e pensativo se teremos variação de outras espécies também.
Opinião pessoal
Tal como acontece com todas as modificações de D&D, veremos o a movimentação na comunidade que isso vai fazer. de uma perspectiva mecânica alguns já estão lamentando perder os aspectos únicos das raças Meio-Elfo e Meio-Orc, enquanto outros parecem não estar convencidos de que essa mudança cumprirá a função aparentemente pretendida. Outros apenas prefeririam que mais combinações de raças tivessem atributos únicos.
Essas duas duas 'meias-raças' estarem no livro básico trás a tona e reforça toda a problemática de racismo, pois não é apenas uma variação de raça ou um opção de raça hibrida, pois elas são tratadas como uma das raças básicas. Nenhuma outra combinação é tão notável a ponto de serem identificadas como raças em um manual (claro, por vezes temos menções a outros híbridos, mas não como esses dois).
Vale notar que muitos dos primeiros conceitos de D&D bebem de fontes trazidas por J.R.R. Toolkien, que menciona meio-elfos e meio-orcs como raças separadas, então é de se esperar que D&D também o fizesse. Essa é um percepção minha da coisa, mas me parece ser uma origem plausível para essa escolha de design.
A questão é que o D&D continua evoluindo e essa mudanças se fazem necessárias tendo em vista as pautas sociais e percepção do mundo ao nosso redor que queremos que seja mais inclusiva. Ainda há muitas questões a serem resolvidas, como o uso geralmente depreciativo do termo "mestiço" e como as implicações negativas desse termo poderiam ser aplicadas a essas opções raciais. O racismo fora do jogo entra por essas brechas e podem ser usados para validar preconceitos.
Pessoalmente, acredito que essas mudanças parecem derivar de boas intenções tanto de uma perspectiva de equilíbrio quanto de uma perspectiva social, mas é importante saber que a conversa não para por aqui e que apenas remover os termos de "meia-raça" ou "meia-espécie" do jogo, não resolve uma pauta que ainda precisa ser muito discutida. Mas fico contente da comunidade estar sendo ouvida e que mudanças inclusivas estão sendo tomadas.